Translate

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

S. ROSENDO


S. Rosendo foi, em todos os tempos, o homem que mais se destacou, entre os nascidos nas Terras da Maia. *)

A Reconquista e a Fundação do Reino deram motivos a que muitos homens, de modo notável se ilustrassem pelas armas e pela diplomacia, dando grandiosas provas da própria valia e da grandeza do seu Povo.
Pensamos em Gonçalo Mendes da Maia que pelejou durante décadas até entregar a vida aos 93 anos, escorraçando os mouros lá pelo Alentejo!

S. Rosendo nasceu em 907 em S. Miguel do Couto segundo alguns, segundo outros em Monte Cordova, hoje Santo Tirso.
Era descendente gente de sangue azul, aparentada com a Casa Real asturo leonesa Família de guerreiros, políticos célebres, de santos e de rainhas! Filho de Guterres Mendes e de D. Ilduara, senhora notavelmente bondosa falecida em odores de santidade.
Foi filho muito desejado pela mãe, que não conseguiu vingar nenhum dos vários anteriores e que nesse sentido continuamente impetrava a intervenção de S. Miguel.
Foi baptizado na igreja de S. Miguel do Couto que então se acabava de construir.

Ingressando na vida eclesiástica muito novo, foi logo notado pela sua fé, firmeza de carácter e bondade. Logo aos dezoito anos foi elevado ao bispado
e nomeado Bispo de Mondonhedo, na Galiza, onde se refugiaram os Bispos do Porto, quando os árabes perigosamente se aproximavam.
José Matoso diz que o bispo do Porto, se refugiara em Mondonhedo enquanto que o de Braga foi para Lugo!
S. Martinho de Dume, que teve responsabilidades sobre a disciplina conventual e episcopal no noroeste peninsular, foi o primeiro bispo a refugiar-se em Mondonhedo e S. Rosendo, a seu tempo, viria a suceder-lhe nesse mesmo cargo e daí a enorme influência que viria a assumir nestas vasta área entre o mar Cantábrico e o Rio Douro.


Foi o fundador do Mosteiro de Celanova, fundado em terrenos da família e aí viveu e se encontra sepultado - numa urna em prata num nicho da tribuna do altar-mor da igreja do Convento.
Faleceu a 1.03.977.


Mosteiro de Cela nova impressiona estrondosamente pela imponência da sua frontaria clássica construída em granito ourensano, adusto e dourado. Tem três naves de dimensões e características possantes das naves das nossas sés. Não lhe faltando o riquíssimo e belo claustros barroco também de granito profusamente trabalhado de que sobressaem pesadas colunas torsas.
No interior a talha esculpida em ornato de inexcedível folhagem e revoltas, belamente dourada com os proventos do México e doutras terras dos tempos áureos de mil e quinhentos.
O minúsculo e preciosíssimo oratório de S. Rosendo, uma deliciosa capelinha do século X em estilo moçárabe de que sobressai o "mirab" e que tão bem emparelha com a nossa, mais recente, de S. Frutuoso de Montélios, perto de Braga, fazem da visita, momento de eleição a não mais esquecer.


S. Rosendo manteve a esperança de se retirar para Celanova e acabar aí os dias entre os seus monges; Por isso resignou muito cedo das suas funções episcopais.
Celanova professava uma Regra muito próxima da de S. Bento que era e é tida por psicólogos e médicos como uma regra benigna, saudável e que permite aos monges em boa forma física e mental.

O cargo de responsável máximo por esta vasta ária eclesiástica levou a que tivesse sido várias vezes encarregado pelo rei que sempre o chamava quando nobres ou prelados se achavam divididos, como pacificador, governador e o seu prestígio levara-o a desempenhar cargos pontuais importantes em tempos difíceis.
De uma vez o bispo de Iria e S. Tiago, Sisnando II, tinha sido preso, tempos antes por ordem do rei.
Uns tempos depois os Normandos ameaçavam assolar a Ria de Arousa. A invasão maior foi a de 968. Na imergência o rei ordenou a S. Rosendo que se dirigisse sem demora a Compostela, onde assumiu as responsabilidades do bispo destituído e desbaratou os nórdicos. Entretanto o rei morreu e o bispo Sianando vendo-se restituído à liberdade correu a Santiago onde se encontrava S. Rosendo.
Era noite quando entrou pela Catedral, de espada em punho, dirigindo-se ao local onde S. Rosendo se encontrava a descansar com os seus homens - diz-se que nem genuflectiu quando à passagem pelo sacrário! Com a ponta da espada retirou as mantas que cobriam o santo e logo lhe impôs:
Ou renuncias ao bispado ... ou morres já!
Meio aturdido com a surpresa S. Rosendo respondeu:
- Quem com ferros mata, com ferros morre!... e sem demora dirigiu-se a Celanova.
 Sisnando viria a morrer dias depois, vitimado por uma seta, quando novamente procurava defender-se dos Viking´s.
Daí que povo tomou a célebre frase de S. Rosendo como profética; aumentando a admiração geral pelo Santo.


S. Rosendo estava ainda no vigor dos anos quando constou ao rei de Leão que os infiéis irrompendo do Sul com forças poderosas se dirigiam à Galiza.
Quando S. Rosendo recebeu então ordens expressas do rei para mobilizar tudo aquilo que fosse possível e se dirigisse sem demora a por travão à marcha dos invasores.
S. Rosendo era verdadeiramente o único homem que o rei de Leão dispunha com prestígio e capacidade de recrutar rapidamente um exército minimamente capaz de se opor aos infiéis!
 Expedindo ordens rápidas por todo o reino e sem perda de tempo marcharam para Sul, muito provavelmente para esta região ao Norte do Douro e como pode lá foi cortando o passo ao temível inimigo; que embora mais possante e numeroso estava exausto e se afastava das suas bases enquanto que combatia um pequeno exército, mais apoiado pela população, que crescia à medida que retirava.
Vendo o avanço no terreno cada vez mais dificultado o agareno desistiu antes que ultrapassasse o Rio Minho.
Os mouros não foram vencidos em combate, mas o facto de S. Rosendo ter impedido que ultrapassassem o Rio Minho foi tido por todos mais que uma grande vitória como um grande milagre.

*)- A Terra da Maia ia do Minho ao Rio Tâmega.


Sem comentários:

Enviar um comentário