S. Rosendo
foi, em todos os tempos, o homem que mais se destacou, entre os nascidos nas
Terras da Maia. *)
A
Reconquista e a Fundação do Reino deram motivos a que muitos homens, de modo
notável se ilustrassem pelas armas e pela diplomacia, dando grandiosas provas da
própria valia e da grandeza do seu Povo.
Pensamos
em Gonçalo
Mendes da Maia que pelejou durante décadas até entregar a vida
aos 93 anos, escorraçando os mouros lá pelo
Alentejo!
S. Rosendo
nasceu em 907 em S.
Miguel do Couto segundo alguns, segundo outros
em Monte
Cordova, hoje Santo Tirso.
Era
descendente gente de sangue azul, aparentada com a Casa Real asturo leonesa Família de guerreiros, políticos célebres, de santos e de rainhas! Filho de Guterres Mendes e de D. Ilduara, senhora notavelmente bondosa falecida em
odores de santidade.
Foi filho
muito desejado pela mãe, que não conseguiu vingar nenhum dos vários anteriores e
que nesse sentido continuamente impetrava a intervenção de S.
Miguel.
Foi
baptizado na igreja de S. Miguel do Couto que então se acabava de
construir.
Ingressando
na vida eclesiástica muito novo, foi logo notado pela sua fé, firmeza de
carácter e bondade. Logo aos dezoito anos foi elevado ao
bispado
e nomeado
Bispo de Mondonhedo, na Galiza, onde se refugiaram os Bispos do Porto, quando
os árabes perigosamente se aproximavam.
José
Matoso diz que o bispo do Porto, se refugiara em Mondonhedo enquanto que o de
Braga foi para Lugo!
S.
Martinho de Dume, que teve responsabilidades sobre a disciplina conventual e
episcopal no noroeste peninsular, foi o primeiro bispo a refugiar-se em
Mondonhedo e S. Rosendo, a seu tempo, viria a suceder-lhe nesse mesmo cargo e
daí a enorme influência que viria a assumir nestas vasta área entre o mar
Cantábrico e o Rio Douro.
Foi o
fundador do Mosteiro de Celanova, fundado em terrenos
da família e aí viveu e se encontra sepultado - numa urna em prata num nicho da
tribuna do altar-mor da igreja do Convento.
Faleceu a
1.03.977.
Mosteiro
de Cela nova impressiona estrondosamente pela imponência da sua frontaria
clássica construída em granito ourensano, adusto e dourado. Tem três naves de
dimensões e características possantes das naves das nossas sés. Não lhe faltando
o riquíssimo e belo claustros barroco também de granito profusamente trabalhado
de que sobressaem pesadas colunas torsas.
No
interior a talha esculpida em ornato de inexcedível folhagem e revoltas,
belamente dourada com os proventos do México e doutras terras dos tempos áureos
de mil e quinhentos.
O
minúsculo e preciosíssimo oratório de S. Rosendo, uma deliciosa capelinha do
século X em estilo moçárabe de que sobressai o "mirab" e que tão bem emparelha
com a nossa, mais recente, de S. Frutuoso de Montélios, perto de Braga, fazem da
visita, momento de eleição a não mais esquecer.
S. Rosendo
manteve a esperança de se retirar para Celanova e acabar aí os dias entre os
seus monges; Por isso resignou muito cedo das suas funções
episcopais.
Celanova
professava uma Regra muito próxima da de S. Bento que era e é tida por
psicólogos e médicos como uma regra benigna, saudável e que permite aos monges
em boa forma física e mental.
O cargo
de responsável máximo por esta vasta ária eclesiástica levou a que tivesse sido
várias vezes encarregado pelo rei que sempre o chamava quando nobres ou prelados
se achavam divididos, como pacificador, governador e o seu prestígio levara-o a
desempenhar cargos pontuais importantes em tempos
difíceis.
De uma
vez o bispo de Iria e S. Tiago, Sisnando II, tinha sido preso, tempos antes por
ordem do rei.
Uns
tempos depois os Normandos ameaçavam assolar a Ria de Arousa. A invasão maior
foi a de 968. Na imergência o rei ordenou a S. Rosendo que se dirigisse sem
demora a Compostela, onde assumiu as responsabilidades do bispo destituído e
desbaratou os nórdicos. Entretanto o rei morreu e o bispo Sianando vendo-se
restituído à liberdade correu a Santiago onde se encontrava S.
Rosendo.
Era noite
quando entrou pela Catedral, de espada em punho, dirigindo-se ao local onde S.
Rosendo se encontrava a descansar com os seus homens - diz-se que nem
genuflectiu quando à passagem pelo sacrário! Com a ponta da espada retirou as
mantas que cobriam o santo e logo lhe impôs:
Ou renuncias ao bispado ... ou morres já!
Meio
aturdido com a surpresa S. Rosendo respondeu:
-
Quem com ferros mata, com ferros morre!... e sem
demora dirigiu-se a Celanova.
Sisnando
viria a morrer dias depois, vitimado por uma seta, quando novamente procurava
defender-se dos Viking´s.
Daí que
povo tomou a célebre frase de S. Rosendo como profética; aumentando a admiração
geral pelo Santo.
S.
Rosendo estava ainda no vigor dos anos quando constou ao rei de Leão que os
infiéis irrompendo do Sul com forças poderosas se dirigiam à
Galiza.
Quando S.
Rosendo recebeu então ordens expressas do rei para mobilizar tudo aquilo que
fosse possível e se dirigisse sem demora a por travão à marcha dos
invasores.
S.
Rosendo era verdadeiramente o único homem que o rei de Leão dispunha com
prestígio e capacidade de recrutar rapidamente um exército minimamente capaz de
se opor aos infiéis!
Expedindo ordens rápidas por todo o reino e
sem perda de tempo marcharam para Sul, muito provavelmente para esta região ao
Norte do Douro e como pode lá foi cortando o passo ao temível inimigo; que
embora mais possante e numeroso estava exausto e se afastava das suas bases
enquanto que combatia um pequeno exército, mais apoiado pela população, que
crescia à medida que retirava.
Vendo o
avanço no terreno cada vez mais dificultado o agareno desistiu antes que
ultrapassasse o Rio Minho.
Os mouros
não foram vencidos em combate, mas o facto de S. Rosendo ter impedido que
ultrapassassem o Rio Minho foi tido por todos mais que uma grande vitória como
um grande milagre.
*)- A
Terra da Maia ia do Minho ao Rio Tâmega.
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