“As Bodas de Canaã” são a descrição do milagre da transformação da água em vinho, que Jesus operou em Canaã e a que S. João Evangelista assistiu antes de ter sido escolhido. S. João foi o único Evangelista presente e também o único evangelista que o descreveu no seu Evangelho.
A
descrição d´ As Bodas de Canaã está entre as leituras mais belas
e movimentadas que os “Evangelhos” registam.
Tantos
foram os convidados que aceitaram comparecer à boda que ainda o
banquete não ia em meio e já a Mãe de Jesus notara que iria faltar
o vinho. “A Mãe” de Jesus, condoída pelo vexame que sofreriam
os anfitriões recorreu ao Filho e disse-Lhe discretamente:
«-
Não têm vinho!»
Ao
que Jesus respondeu:
«-“Mulher”!
Ainda não chegou a nossa hora!»
Resposta
subtil e modo de dizer discreto:
«- Viemos aqui para aceder a um convite e não para resolver as
dificuldades dos outros!»
Mas
Maria logo recomendou ao primeiro criado:
«-
Fazei tudo quanto Ele vos disser!»
Jesus
falara à Mãe, como pessoa divina que procedia segundo um programa
superior. Vibrava já o coração de Maria, movido pela réplica do
desgosto que sofreriam os anfitriões; mas o coração de Jesus, não
é insensível às batidas apressadas do coração da Mãe e logo fez
recomendações, ao servente:
«-
Enchei as talhas de água!»
Dentro
em pouco, e talhas cheias já Jesus continuava:
«-
Leva-o ao chefe de mesa e pergunta-lhe se podes mandar servir.»
«Como
se compreende, as Parábolas, foram escritas de modo a facilitar ao
ouvinte mais fácil compreensão da mensagem.
Mas…
em conjunto vai uma mensagem subliminar, que é a parte mais rica do
texto.
O estudo do milagre das
Bodas de Canaã, levou à conclusão de que a presença Jesus, de Sua
Mãe e de alguns discípulos, quis tornar sagrado o “contracto
nupcial” e dar relevo; e não só ao de Canaã, mas a todos.
Dar-lhe dignidade de “Sacramento”, chamar a atenção para a
grande importância que a estabilidade matrimonial produz no Lar e no
equilíbrio social; para defesa das necessidades basilares dos mais
desfavorecidos: viúvas, crianças, idosos e doentes.
O milagre da
transformação da água em vinho, atestando desde logo a divindade
de Jesus, tornou conhecidas as “Bodas de Canaã” em dimensão e
dignidade que ninguém ousaria esperar.
O milagre é apontado
como forma de oferecer aos noivos uma rica “prenda de casamento”;
como quem compreende que “inícios de vida”, nem sempre fáceis,
e que as prendas válidas são “bem vindas”.
A descrição do
milagre e o modo solícito, como o Filho acede aos pedidos da Mãe
não tem passado despercebidos e são forte razão pela qual
continuamente recorremos à Mãe de Deus!
2ª
PARTE
Quando Jesus mandou apresentar o vinho ao chefe de mesa, iniciava-se aqui a segunda parte da belíssima Parábola.
Na continuação do
repasto Jesus aparece agora sentado na presidência da mesa, no lugar
do Noivo e o ambiente assume ar de “boda nupcial”!
«-
Falta a noiva!»
Pensavam
alguns comensais…
«-
A noiva somos nós… «Membros de uma Igreja que Jesus veio criar!»
O chefe de mesa provou
o vinho e ficou admirado com a qualidade!
Levantou-se e foi ter
com o Noivo exprimindo-lhe a admiração que lhe ia na alma, devido à
excelência do néctar.
-
Os outros servem primeiro o bom vinho e, mais tarde, quando já têm
bebido bem, servem-lhes vinho inferior!
Tu
mandas-te servir do melhor vinho de início e serves-lhe “outro
muito melhor”… ao fim!
Era
quanto o chefe de mesa queria salientar:
«Quanto
melhor conhecemos Jesus, melhor sabemos apreciar os seus
ensinamentos.»
Jesus
não respondeu! Os conhecimentos do chefe de mesa não atingiam ainda
os elevados meandros onde se movimentava Jesus.
Como
podia o chefe de mesa saber que este banquete, em que a água foi
transformada em vinho, era prenúncio de outro banquete mais
importante, a realizar numa “quinta-feira”, em que Jesus
transformaria o vinho no seu Sangue, e pão no próprio Corpo.
Mas,
para o chefe de mesa, «transformar água em vinho, já era facto
inequívoco de que só “a Divindade” podia operar!»
Passaram-se
três anos, em que o “Noivo” pregou o Reino de Deus pela
Palestina e o arquitriclino pode ter tido conhecimento de um repasto
semelhante, realizado em Jerusalém, na Cidade de David. No Cenáculo.
O
Noivo desta vez oferecera uma Ceia!
Se
na boda de Canaã Jesus fizera com que a água se transformasse em
vinho, desta vez fez com que o vinho se transformasse no Seu próprio
Sangue e que o Pão se transformasse no Seu Corpo. Teria sabido que o
Pão, partido na presença de todos, foi por todos distribuído.
O
seu corpo crucificado foi, no dia seguinte oferecido aos Homens, no
Gólgota!
Durante
a Ceia, todos comeram do seu Corpo e beberam do seu Sangue.
E o arquitriclino
pensava «De facto, «Esta oferta é muito maior que a oferta de
Canaã»
A transformação da
água em vinho foi um milagre de que Jesus se servira para mostrar a
Sua Divindade.
«- Se Jesus fazia
milagres! Se era filho de Deus! Então Jesus era Deus!» Pensava para
si!
Já
se falava há muito na vinda do Filho de Deus, que devia vir para
salvar a humanidade.
As
Bodas de Canaã ajudam a compreender o mistério, da vinda do Filho
de Deus
ao
mundo!

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